acma1953

Na suave brisa ouço o clangor que sobre o velho chão polido, os sapatos fazem soar ao bater no soalho. Sapatos de salto alto e saias audaciosas, farpelas e luzes deslizam ao som dos acordes da música.

A noite purificada encanta os corpos entrelaçados… odor de descarada sensualidade no ar.

A mulher claramente abre o decote para deslumbrar os olhos do parceiro.

Como fluido que derrama o seu veneno em todas as veias quentes, a dança ultrapassa os seus direitos sem cerimónia acariciando as almas dos futuros amantes.

Aproveitando-se da maravilhosa curva dos rins, a mão exige que os passos se fundam à cadência das horas do ritmo argentino. Na obscuridade do átrio, os corpos incendeiam.

As resoluções recentes perdem convicção na fronteira da quente voluptuosidade.

É preciso pouco para dar o salto e, dar-se ao seu parceiro… enlaçados.

Outra volta na pista para segurar o ombro, mão… confissões

A orquestra pára na limiar do desejo,

Tango, exijo… desejar-te

O céu assume uma cor purpura no horizonte, prenunciando a noite que sai do seu esconderijo engolindo com o escurecer um sol que agoniza, despedindo-se. Mais um dia que vai terminar com o fechar das pálpebras, para adormecer nos lençóis do vento. 

Além, onde a neve cai durante horas formando um véu cristalino, o tempo inscreve a sua marca sobre um alcatrão sem idade. Na clareira do céu, um enxame de perseidas, estrelas cadentes de beleza inusitada são embaladas pela claridade da lua. A noite abafa o dia. O meu olhar vira-se para o céu imaginando os segredos da via láctea, um espaço de tranquilidade. Ali, nesse espaço onde os astros contam histórias enquanto a lua no seu quadrante se vai encolhendo, as sombras envolvem de forma suave as florestas e as vozes na escuridão sobem em espiral, o tempo caminha agora como um fantasma esquecido sobre um pêndulo enevoado que luta pelo silêncio. 

Envolto pelas trevas, o dia desapareceu.

Acariciado pelo vento que o acompanha de forma carinhosa, sem oferecer resistência antes de em definitivo ficar nas brumas do esquecimento.

Tu escapas como um rio que vai ao encontro do oceano sob a ténue luminosidade de um sonho, vou ao encontro da tua boca de veludo.

Oh flor de delicado perfume, onde um beijo vive em permanente fogo de paixão iluminando o dia, no deserto onde a minha noite se deitou.

É então que a tempestade toma posse dos nossos corpos incandescentes. O amor desenha florestas nos meus desejos primários. É uma miragem que certamente te faz vibrar minha amada, num prazer implantado na bruma furtiva.

E tudo recomeça….com voluptuosidade.   

Conchas,

A madrugada encolhe-se sob um édredon de nuvens, como um coração ansioso no oceano morno dos teus braços. A chuva durante a madrugada recita suspiros sobre os telhados e, na sua imprudência destila carícias nas folhas das árvores. O tempo corre e tenta fugir das amarras impostas por um céu cor de chumbo onde as estrelas aguardam um abraço em silêncio.

Soam murmúrios provenientes de ondas enrolando no areal que absorve a espuma de um amor pejado de desejos irreprimiveis.

O dia começa a nascer, incorruptível tingindo o céu como se fosse uma pintura desfocada sobre uma tela, a tela que pinto com as nossas lembranças. O vento sopra, afastando as últimas sombras levemente que invadem os meus pensamentos onde tu és a porcelana mais fina e delicada.

Ao longe, o molhe pejado de gaivotas que rasgam o silêncio com um efémero recital interrompendo os devaneios espalhados na tela pintalgada. Será que vens somente ao entardecer e entrarás então na minha redoma?

Mesmo que o céu continue uma batalha com o oceano, guardarei para ti belas conchas que te vão contar segredos… a linda e terna história de dois amantes.   

Certos povos vivem para ter um pouco de paz e tranquilidade, no entanto certas mentalidades que nunca evoluíram esmagam os direitos humanos que todos os dias são queimados. Inocentes desarmados e sem qualquer meio de protecção, vêem os seus direitos mais básicos serem arrasados. Cada dia, muitos inocentes são executados.

Certas comunidades nada mais imploram que, viver em PAZ. Mas, mesmo implorando, são massacrados todos os dias. Esses povos que suportam, sem queixas, essas atrocidades, são violados cada dia por bárbaros que violam a sua dignidade como seres humanos. A loucura dos homens não tem limites, eles pilham, violam, assaltam e aniquilam toda a forma de expressão e pensamento livre. São almas malditas, manipuladas. Não respeitam os valores de cada comunidade.